Araquém Alcântara é um dos mais renomados fotógrafos brasileiros, e seu olhar para a natureza brasileira mudou o rumo da fotografia no país.
Araquém Alcântara revolucionou a fotografia no Brasil e no mundo. Podemos dizer que sem o seu olhar para a natureza brasileira, a fotografia não seria a mesma.
Completando 50 anos de carreira, ele se dedica não apenas à arte da fotografia em si, explorando elementos da fauna e flora, como também à sua preservação. Seu trabalho ganhou tanta notoriedade no Brasil que se tornou fonte de inspiração para fotógrafos ao redor de todo o mundo.
Araquém Alcântara nasceu em 1951 na cidade de Florianópolis (SC), mas foi em São Paulo que iniciou sua carreira após cursar jornalismo da Universidade de Santos.
Alguns anos mais tarde, em 1970, trabalhou como fotógrafo para grandes jornais e revistas como Istoé, Jornal da Tarde e Estado de São Paulo. Em 1979, foi convidado para documentar e registrar o Parque da Juréia, localizado em Iguape no estado de São Paulo.
O convite foi realizado por Ernesto Zwarg, ambientalista e ex-vereador. Inclusive, foi ele uma das primeiras pessoas a protestar contra a poluição e o desmatamento da região.
A partir dessa experiência, Araquém Alcântara encontrou um novo significado para o seu trabalho e não parou mais de fotografar em projetos relacionados ao meio ambiente, especialmente na Mata Atlântica.
As influências e obras de Araquém Alcântara
Uma das principais influências de seu trabalho foi um filme lançado em 1960 chamado Ilha Nua, produzido pelo diretor Kaneto Shindô. Araquém contou em entrevista que esse filme foi fundamental na sua escolha por fotografar a natureza.
O filme tocou profundamente o fotógrafo, e mesmo com toda a sua simplicidade na produção, foi o suficiente para influenciar Araquém a proteger a fauna e a flora.
Com esse propósito em mente, Araquém Alcântara registrou de 1988 a 1998 todos os parques nacionais brasileiros, produzindo assim sua primeira obra em livro intitulada Terra Brasil.
O livro tem todos os seus registros dos 36 parques nacionais, com foco na natureza e nos animais. Em 2010, o livro ganhou uma nova edição com mais fotos e uma atualização dos parques visitados pelo fotógrafo, que saíram de 36 para 68!
Esse livro já teve mais de 100 mil cópias vendidas e alguns dos principais museus do mundo expõem parte da sua obra, como o Museu do Café no Japão, Museu Britânico de Londres, Museu de Arte Moderna em São Paulo e o MASP, também em São Paulo, sendo esse um dos principais museus de arte do país.
Ao longo de sua carreira, o fotógrafo publicou 54 livros, todos com foco na preservação da fauna e flora. E devido à qualidade e riqueza de suas obras, ganhou diversos prêmios nacionais, como Prêmio Jabuti, Prêmio Fernando Pini, algumas dezenas de prêmios nacionais e três prêmios internacionais.
Além do grande sucesso que foi Terra Brasil, o fotógrafo publicou outros títulos que também ganharam prêmios, como:
- Sertão sem fim;
- Pantanal;
- Mata Atlântica;
- Mar de Dentro;
- Veredas;
- Brasileiros;
- Jaguaretê.
A obra Brasileiros é uma de suas coletâneas mais famosas, que reúne fotos do povo brasileiro sob a perspectiva de Araquém. Essas fotos foram tiradas ao longo dos seus 50 anos como fotógrafo.
“Todo meu trabalho, toda minha fotografia é feita andando. Andando e olhando as coisas, sobretudo os ecossistemas, os bichos, as culturas. Me chamam de fotógrafo de natureza, mas não é uma boa definição… Eu sou fotógrafo de Brasil. Sou um intérprete [do Brasil]”. – Araquém Alcântara.
Araquém e seu compromisso com a sustentabilidade
Araquém Alcântara não ficou famoso apenas pela qualidade indiscutível das suas fotografias, mas também por abraçar o mundo e lutar pela sustentabilidade, não só no Brasil, mas no mundo.
Uma de suas lutas desde quando começou sua carreira é a regularização fundiária na Amazônia, além da proteção aos povos indígenas. O fotógrafo também luta para que todos os esforços no Brasil sejam reunidos para que possa se tornar de fato uma potência verde.
Ele também sempre lutou para acabar com o desmatamento, principalmente na Amazônia, que hoje tem apenas 7% do seu território original (e é onde vivem muitas populações indígenas que sequer tiveram contato com as civilizações modernas).
“O momento para mudar o Brasil é agora, precisamos parar o desmatamento! O homem se afastou da natureza e na sua extrema ignorância pensa dominar e domesticar à sua maneira o vasto complexo biológico a que está submetido por leis maiores. Sou um artista de combate, indomado, viajante, colecionador de mundos. Minhas fotos convidam à reflexão, ativam a imaginação e o sonho. Não tenho compromissos com escolas, partidos e ideologias.” – Araquém Alcântara.
Inclusive, o fotógrafo chegou a morar por alguns meses na Amazônia, e foi onde conheceu mais sobre o próprio país, cultura e natureza. Enquanto viveu lá, afirma ter conhecido jóias raras que só podem ser encontradas aqui.
O estilo de fotografia de Araquém Alcântara é semelhante ao de outro fotógrafo também brasileiro conhecido mundialmente, Sebastião Salgado. Preparamos um conteúdo sobre sua vida e obra e você pode conferir clicando aqui!
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